O hábito de se consumir vinho vem, lenta e gradativamente, aumentando entre os brasileiros.
Mas, como já é sabido por muitos, nosso consumo per capita/ano (ou seja, o que uma pessoa toma de vinho em litros em um ano) ainda é muito baixo, cerca de 2l/pessoa.
Se comparado a alguns países da Europa por exemplo, esse número dá um salto para 35 – 40 litros per capita/ano.
Mas talvez não devêssemos tomar como base, mercados consumidores tão distintos, afinal são culturas completamente diferentes e com histórias de fracassos e sucessos que moldaram vinhedos e capacitaram produtores, criando identidades próprias uma forte tradição.
E se tentássemos entender quais as principais barreiras que impedem ou desencorajam os brasileiros a alavancar esse minguado patamar… Será que não deveríamos encorajar mais o consumo dos vinhos nacionais?
Nesse post vamos falar um pouco, não do aspecto comercial, dos altos tributos e impostos que recaem sobre os vinhos nacionais (inclusive já o fizemos em outro post, clique aqui para conferir); como também vamos deixar um pouco de lado a tributação que impera sobre a importação dos rótulos que vêm de outros países produtores.
Será que de fato está claro na mente do consumidor que o vinho é muito mais que um produto disposto numa prateleira de supermercado, empório ou adega, e que em cada rótulo nacional há um pouco da história de nossa cultura vinífera, que vem sendo escrita por milhares de apaixonados por vinho, abnegados que renunciaram as suas próprias vontades, e se renderam à vontade da terra e do clima e começaram a produzir rótulos de qualidade?
Temos terroir, temos enólogos competentes, temos o que ninguém tem no mundo: brasilidade no que fazemos! Onde está então o gargalo para que acreditemos incontestavelmente nos nossos vinhos?
Existe um mercado consumidor gigantesco ávido por conhecer vinho, mas que por questões culturais, geográficas, econômicas, de comunicação, esse mesmo mercado deixou-se tomar por uma descrença do que é nosso, acabando por afastá-lo e criando uma barreira invisível que está difícil de transpor. De um lado um consumidor reticente… de outro um produto excelente aguardando nas prateleiras e mercados de vinho…
Esses fatores, como também incentivos comerciais aos mercados estrangeiros, que imprimem fortes campanhas de marketing e disseminam seus produtos em quase todos os pontos de venda que trabalham com o produto vinho, criaram no nosso público consumidor, apesar do consumo ainda ser baixo, uma facilidade de aquisição e uma crença de que somente rótulos que vêm de fora do país são de qualidade. Ledo engano…
Apenas para que comecemos a eliminar essa névoa que nos impede de enxergar com clareza nosso mercado, lembremos que já temos uma tradição vinífera no Brasil.
Durante décadas a cultura dos chamados vinhos de mesa, aqueles produzidos com as uvas americanas, como a Isabel, Concord, Niágara ou Bordô, foi desenvolvida principalmente com as famílias de imigrantes que para cá vieram em busca de um novo começo, e foram decisivos para a construção da história da nossa vitivinicultura, que iniciou-se justamente com o vinho de mesa. Ainda nos dias de hoje, a produção desse tipo de vinho responde por uma grande parcela dos vinhos produzidos e consumidos no país.
No entanto o Brasil começou a investir também na produção dos chamados vinhos finos (aqueles feitos com uvas finas, as Vitiviníferas), como a Cabernet Sauvignon, Merlot, Tannat, Carménère, Syrah e outras tantas, a grande maioria de origem francesa.
E o Brasil, como não poderia deixar de ser, vem produzindo rótulos de excepcional qualidade, não só vinhos tranquilos (tintos, brancos e rosés), como também espumantes. Todos já premiados aqui e no exterior!
Estamos prontos para o mercado internacional, mas antes disso, precisamos conquistar nosso mercado interno e mostrar ao consumidor o que se produz aqui e a qualidade com que estamos trabalhando nossa cultura do vinho.
Muitas ações com foco na informação, formação e aperfeiçoamento dos métodos e técnicas, como também junto aos profissionais que trabalham com vinho já são feitas, algumas por pequenas instituições, outras por grandes institutos e associações, como o IBRAVIN (Instituto Brasileiro do Vinho), a ABE (Associação Brasileira de Enologia), ABS (Associação Brasileira de Sommeliers), só para citar alguns.
Que bom também seria se contássemos com profissionais nos supermercados e pontos de venda, explicando a origem das uvas, a história do produtor, a harmonização com determinado prato! Por certo já eliminaríamos grande parte das hesitações do consumidor na hora da compra.
Se focarmos na especialização dos profissionais envolvidos com o negócio do vinho, e mais, se mostrarmos que aqui se produz vinhos de qualidade e que está nas mãos do consumidor dar uma chance ao novo, acredito que sairemos dos 2l per capita em pouco espaço de tempo!
Vamos aumentar os treinamentos juntos as brigadas dos restaurantes, capacitando ainda mais os garçons; vamos incrementar a presença dos sommeliers nos restaurantes e prestar de forma mais abrangente as informações básicas ao consumidor auxiliando-o na escolha de determinado rótulo. Temos um caminho longo a ser percorrido, mas muito promissor!
E que se possível, na hora da escolha do rótulo, que seja sim um vinho nacional, afinal o aumento do consumo dos brasucas condiciona um maior investimento na área, incentiva o crescimento das regiões viníferas com o chamado enoturismo, promove geração de empregos e torna o negócio economicamente viável com um público consumidor fiel, bem informado e satisfeito.
Vinho: vida longa, feliz e saudável!
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